Investing.com – Os índices futuros das ações dos EUA registravam leve baixa no início desta segunda-feira, refletindo a cautela dos investidores após as perdas da semana passada em Wall Street, motivadas principalmente pela incerteza em torno dos anúncios tarifários do presidente Donald Trump.
Além disso, um relatório do Federal Reserve de Nova York pode oferecer novos sinais sobre as expectativas dos consumidores em relação à inflação nos Estados Unidos, enquanto dados importantes sobre preços ao consumidor serão divulgados nos próximos dias no país.
No Brasil, os investidores ficarão atentos à divulgação de dados de inflação e balanços corporativos nesta semana, além do embate político entre o governo federal e líderes estaduais a respeito de impostos sobre alimentos.
Confira agora mais detalhes dos assuntos que estão movimentando o mercado na manhã de hoje.
CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com
Os contratos futuros dos índices acionários americanos operam no vermelho, à medida que os investidores avaliam os desdobramentos da política tarifária de Trump e aguardam uma agenda econômica carregada.
Por volta das 8h15 de Brasília, o Dow Jones recuava 0,98%, enquanto o S&P 500 cedia 1,13% e o Nasdaq 100 registrava queda de 1,27% no mercado futuro.
CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street
Apesar da recuperação na última sexta-feira, o S&P 500 encerrou sua pior semana em seis meses, enquanto o Nasdaq Composite, com forte peso do setor de tecnologia, acumula uma queda superior a 10% desde sua máxima histórica em dezembro, entrando em território de correção.
Na última semana, Trump anunciou um adiamento temporário das tarifas de 25% sobre a maioria dos bens importados do Canadá e do México até 2 de abril. A postergação abrange produtos que já faziam parte de um acordo comercial firmado durante seu primeiro mandato.
Embora a decisão tenha aliviado momentaneamente os mercados, persiste a preocupação dos investidores com a volatilidade gerada pelas declarações e mudanças de posição do presidente. As tarifas também adicionam incertezas à trajetória da inflação e do crescimento econômico nos Estados Unidos, levantando novos receios de uma desaceleração.
Em entrevista à Fox News no fim de semana, Trump evitou descartar a possibilidade de uma recessão econômica, argumentando que o país passa por uma fase de transição. Apesar disso, manteve o tom agressivo em relação a novas tarifas.
Os investidores monitoram um relatório do Federal Reserve de Nova York que acompanha as expectativas dos consumidores para a inflação.
A pesquisa pode oferecer novos insights sobre o sentimento do consumidor, que tem mostrado sinais de enfraquecimento devido ao impacto inflacionário das tarifas comerciais.
Em janeiro, os dados do Fed de Nova York indicaram que as expectativas para a inflação em um e três anos permaneceram estáveis em 3%, enquanto a projeção para cinco anos subiu de 2,7% para 3%.
Além desse relatório, a semana traz outros indicadores econômicos relevantes, como o índice de preços ao consumidor (CPI) e o relatório JOLTS, que mede a demanda por mão de obra nos Estados Unidos.
O setor de tecnologia também está no radar dos investidores, com diversas empresas programadas para divulgar seus balanços trimestrais nos próximos dias, incluindo a Oracle.
A divulgação dos números ocorre logo após Trump anunciar que a empresa, em parceria com a OpenAI e o conglomerado japonês SoftBank (TYO:9984), investirá fortemente em infraestrutura de inteligência artificial. O projeto, batizado de Stargate, prevê um aporte de US$ 500 bilhões para fortalecer a competitividade dos EUA nesse segmento.
A Oracle tem sido beneficiada pelo crescimento de sua unidade de computação em nuvem. No entanto, analistas da Vital Knowledge destacaram que os investidores começam a demonstrar apreensão com o desempenho do setor de tecnologia, uma vez que até mesmo resultados em linha com as projeções têm levado a fortes quedas nas ações.
Os números da Oracle serão divulgados após o fechamento do mercado americano nesta segunda-feira. Nos próximos dias, Adobe (NASDAQ:ADBE) e DocuSign (NASDAQ:DOCU) também apresentarão seus balanços, enquanto Dick's Sporting Goods (NYSE:DKS) e Kohl’s (NYSE:KSS) trarão dados que podem fornecer novas pistas sobre o comportamento do consumidor nos EUA.
Os dados de inflação ao consumidor e ao produtor da China, divulgados no fim de semana, reforçaram a tendência de deflação na segunda maior economia do mundo.
Os números apontam para uma demanda doméstica ainda fraca em fevereiro, o que pode pressionar o governo chinês a adotar novos estímulos para sustentar o crescimento.
Na semana passada, Pequim já havia prometido um aumento nos gastos fiscais em 2024 como parte dos esforços para impulsionar a economia. Além disso, a China enfrenta os efeitos das tarifas comerciais impostas recentemente por Trump, que elevou as taxas sobre importações chinesas para 20%.
O índice de preços ao consumidor chinês recuou 0,7% na base anual, uma queda mais acentuada do que a expectativa de -0,4%, revertendo a alta de 0,5% registrada em janeiro. Na comparação mensal, houve retração de 0,2%, também abaixo da projeção de -0,1%.
Os preços do petróleo operam próximos à estabilidade nesta segunda-feira, com os investidores ponderando os efeitos das tarifas comerciais sobre o crescimento econômico e a demanda por combustíveis, além das expectativas de aumento na produção da Opep+.
Na semana passada, o barril do West Texas Intermediate (WTI) registrou sua sétima queda consecutiva, enquanto o Brent acumulou perdas pela terceira semana seguida.
Analistas do ING destacaram que a incerteza sobre as tarifas comerciais segue como um fator de peso para o mercado de petróleo, assim como os sinais de fraqueza na inflação chinesa, principal importador global da commodity.
No mercado de metais preciosos, o ouro opera em alta, beneficiado pelo aumento da busca por ativos de proteção e pela fraqueza do dólar. Enquanto isso, o Bitcoin registra queda, com a volatilidade em torno das tarifas comerciais reduzindo o apetite por ativos de risco.
CONFIRA: Cotação das principais commodities
A semana começa no mercado brasileiro com os investidores atentos à divulgação de índices de inflação, como o IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas, que acelerou para 1% em fevereiro, contra 0,11% em janeiro deste ano.
Teremos também a apresentação do IPCA de fevereiro pelo IBGE na quarta-feira, com expectativa de alta de cerca de 1,3% no mês e aceleração da taxa anual para 5%, segundo projeções do Poder360.
Já na política comercial, o governo Lula enfrenta desafios com a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre aço e alumínio brasileiros, impactando um setor que exportou 4,3 milhões de toneladas para o mercado norte-americano no ano passado.
Além disso, a política tributária estará novamente em evidência, após o vice-presidente Geraldo Alckmin sugerir a redução do ICMS sobre determinados alimentos, o que gerou resistência entre governadores, temerosos de perda de arrecadação.
Na agenda da semana, teremos a retomada da temporada de balanços do 4º tri das empresas brasileiras, que você pode acompanhar em detalhes aqui.