Investing.com – Os índices futuros das ações americanas operavam em baixa nesta quinta-feira, após uma recuperação no pregão anterior impulsionada pelo anúncio da Casa Branca de que o presidente Donald Trump concederá isenções tarifárias para algumas montadoras.
As três grandes fabricantes de Detroit registraram valorização, enquanto o mercado passou a especular sobre a possibilidade de alívio tarifário para outros setores.
Paralelamente, analistas apontam que o Banco Central Europeu deve realizar seu último corte "fácil" de juros, embora o cenário futuro permaneça incerto.
No Brasil, os ativos melhoram com alívio parcial nas preocupações tarifárias e focam agora no desenrolar das negociações.
Confira agora mais detalhes dos assuntos que estão movimentando os mercados nesta manhã.
Os contratos futuros dos índices acionários dos Estados Unidos recuavam à medida que investidores avaliavam novas ações tarifárias do governo Trump e aguardavam dados importantes do mercado de trabalho.
Às 8h15 de Brasília, o Dow 1%, o S&P 500 recuava 1,17%, e o Nasdaq 100 registrava queda de 1,39%.
CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street
Os principais índices de Wall Street encerraram o pregão anterior em alta, interrompendo a maior sequência de perdas dos últimos três meses, depois que a Casa Branca anunciou a exclusão de algumas montadoras da tarifa de 25% sobre importações do Canadá e do México. A decisão, tomada logo após a entrada em vigor das tarifas na madrugada de terça-feira, gerou expectativas de que a postura do governo em relação ao comércio exterior possa ser flexibilizada.
O mercado também reagiu positivamente à reafirmação de Trump sobre seu compromisso com novos cortes de impostos durante um discurso ao Congresso na terça-feira à noite.
Por outro lado, dados mais fracos do que o esperado sobre a criação de empregos no setor privado afetaram o humor dos investidores. Além disso, um relatório separado indicou uma alta nos preços dos insumos no setor de serviços dos EUA, reforçando preocupações sobre o impacto inflacionário das tarifas. Apesar disso, o crescimento da indústria de serviços – responsável pela maior parte da economia americana – acelerou de maneira inesperada.
A Casa Branca informou que a isenção concedida a algumas montadoras terá duração de um mês, desde que elas cumpram as regras do tratado de livre comércio vigente.
A notícia impulsionou as ações das chamadas "Big 3" do setor automotivo nos EUA – Ford (NYSE:F), General Motors (NYSE:GM) e Stellantis (NYSE:STLA), controladora da Jeep –, que fecharam em alta na quarta-feira.
Analistas destacam que essas tarifas representam um risco adicional para as montadoras, uma vez que suas cadeias produtivas envolvem fábricas espalhadas por toda a América do Norte.
Caso as tarifas permaneçam inalteradas, o setor automotivo americano pode enfrentar impactos financeiros na ordem de US$ 110 milhões por dia, segundo estimativas da Bernstein. O impacto anual pode chegar a US$ 40 bilhões, caso os fluxos comerciais não sofram mudanças significativas.
O governo indicou que pode considerar isenções para outros produtos, embora Trump tenha enfatizado que isso não representa um recuo em sua disputa comercial com Canadá e México. Segundo ele, as tarifas foram impostas porque esses países, além da China, não estariam fazendo o suficiente para conter a imigração ilegal e o tráfico de drogas para os EUA.
As ações da Marvell (NASDAQ:MRVL) caíram mais de 14% no pós-mercado desta quinta-feira, após os resultados do último trimestre não atenderem às expectativas de investidores que esperavam um crescimento mais expressivo impulsionado por inteligência artificial.
A empresa, que desenvolve chips de IA personalizados para grandes provedores de nuvem, se beneficiou das restrições de oferta da Nvidia (NASDAQ:NVDA). Com isso, gigantes da tecnologia como Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Amazon (NASDAQ:AMZN) buscaram alternativas à Nvidia, recorrendo a fornecedores como Marvell e Broadcom (NASDAQ:AVGO).
O lucro por ação no quarto trimestre foi de US$ 0,60, com receita de US$ 1,82 bilhão, superando as previsões de US$ 0,59 e US$ 1,8 bilhão, respectivamente. A receita do segmento de data centers avançou 78% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 1,37 bilhão.
Para o primeiro trimestre, a empresa projeta um lucro por ação entre US$ 0,56 e US$ 0,66, com receita estimada em US$ 1,875 bilhão, podendo variar em 5%. As expectativas do mercado apontavam para US$ 0,60 e US$ 1,87 bilhão.
"Não há nada 'negativo' no relatório, mas um desempenho dentro das projeções não é suficiente para uma ação desse perfil, especialmente após o resultado acima do esperado divulgado em dezembro", afirmaram analistas da Vital Knowledge em nota aos clientes.
O Banco Central Europeu deve reduzir novamente sua taxa de juros nesta quinta-feira, mas as perspectivas para novos cortes continuam incertas.
O mercado aposta em uma redução de 25 pontos-base, levando a taxa principal para 2,50%. Contudo, além da atividade econômica moderada na Zona do Euro e da desaceleração da inflação, o BCE enfrenta outros desafios que podem influenciar suas decisões futuras.
A possível imposição de tarifas dos EUA sobre produtos europeus é um fator de risco, assim como as negociações para formação de coalizão na Alemanha, maior economia do bloco.
Além disso, recentes declarações do governo Trump sobre um possível cessar-fogo na Ucrânia geraram apreensão na Europa, especialmente em relação à sua dependência histórica dos EUA para questões de defesa. O debate sobre um aumento nos gastos militares pode alterar as prioridades orçamentárias de diversos países.
O encontro do BCE pode marcar o último "corte fácil" da autoridade monetária, segundo analistas do BofA (NYSE:BAC). Eles alertam para um possível aumento nas divergências internas sobre o ritmo das futuras reduções.
"A reunião do BCE pode trazer volatilidade ao mercado. Pode haver discordâncias internas sobre a retirada da referência de que as taxas ainda são restritivas", afirmaram em relatório.
Os preços do petróleo registravam alta nesta quinta-feira, recuperando-se de mínimas de vários anos, enquanto investidores avaliavam o risco de uma escalada na guerra comercial e o aumento da oferta global.
O Brent caiu 6,5% nas últimas quatro sessões, atingindo na quarta-feira seu nível mais baixo desde dezembro de 2021. Já o WTI acumulou queda de 5,8% no mesmo período, chegando ao menor patamar desde maio de 2023.
No mercado de criptoativos, o Bitcoin ampliava os ganhos, continuando sua recuperação após perdas recentes. O movimento ocorre em meio a especulações sobre os planos de Trump para a criação de uma reserva estratégica de criptomoedas antes de uma cúpula na Casa Branca nesta semana.
Após o presidente dos EUA, Donald Trump, flexibilizar as tarifas para Canadá e México – em um movimento antecipado por seu secretário de Comércio, Howard Lutnick –, os ativos brasileiros sentiram o alívio das tensões, com alta nas ações e baixa no dólar.
Apesar de o Brasil não ser alvo direto das tarifas, a desaceleração mundial pode ter efeito sobre as exportações de commodities. Para o agronegócio, entretanto, a expectativa é que uma eventual restrição dos EUA a concorrentes de grandes parceiros comerciais possa gerar benefícios, com ganhos de mercado.
Ainda hoje, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin se reunirá por videoconferência com o secretário de Comércio dos EUA, a fim de discutir as tarifas americanas que devem afetar produtos brasileiros, especialmente o aço, cuja sobretaxa entra em vigor na próxima quarta-feira, 12.
O setor siderúrgico brasileiro aposta na manutenção do acordo de cotas firmado em 2018, que permite a exportação de aço sem a tarifa de 25% imposta por Donald Trump.
Na agenda de hoje, o Banco Central deve divulgar dados sobre fluxo cambial estrangeiro. A inflação também é foco dos investidores, com a divulgação do índice de preços ao consumidor na maior cidade do país, que acelerou para 0,51% em fevereiro, contra uma alta de 0,24% em janeiro.