- O endividamento entre as famílias brasileiras aumentou para 77% em novembro de 2024, com um uso mais consciente do crédito.
- A inadimplência subiu para 29,4%, enquanto o percentual de consumidores que não conseguem pagar suas dívidas chegou a 12,9%.
- A CNC prevê que o endividamento continuará crescendo devido às compras de Natal, mas a inadimplência deve se manter estável.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou nesta quinta-feira os resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) referentes a novembro de 2024. De acordo com os dados, o percentual de famílias endividadas no Brasil aumentou para 77%, em comparação aos 76,6% no ano anterior. Este crescimento é atribuído ao aumento do uso de crédito para compras de fim de ano, indicando também uma gestão mais cautelosa do orçamento familiar.
Apesar do aumento do endividamento, o percentual de consumidores que se consideram "muito endividados" caiu para 15,2%, o menor índice desde novembro de 2021. Segundo José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, "o aumento sazonal do crédito é esperado nesta época do ano, mas o perfil mais equilibrado das dívidas indica um uso mais consciente, com menor impacto na renda mensal". Tadros também destacou a importância de prazos mais longos no planejamento financeiro das famílias.
A inadimplência, por outro lado, apresentou crescimento, com 29,4% das famílias reportando dívidas em atraso, o maior nível desde outubro de 2023. O número de consumidores que afirmam não ter condições de quitar suas dívidas subiu para 12,9%. A CNC projeta que o endividamento continuará crescendo em dezembro, impulsionado pelas compras de Natal. No entanto, espera-se que a inadimplência permaneça estável, refletindo a adaptação das famílias ao cenário de juros altos.
Dentre as famílias de menor renda (0 a 3 salários mínimos), o endividamento aumentou para 81,1%, com 37,5% relatando dívidas em atraso. Em contrapartida, famílias com renda acima de 10 salários mínimos reduziram seu endividamento para 66,7%, com apenas 5% afirmando não ter condições de pagar suas dívidas.
O comprometimento médio da renda com dívidas foi de 29,8% em novembro, representando uma leve queda em relação a outubro. O percentual de consumidores com mais da metade da renda comprometida caiu para 20,3%, o menor índice desde agosto de 2024. Além disso, os prazos mais longos para quitação de dívidas também avançaram, atingindo 35,9% das famílias endividadas, o maior nível desde dezembro de 2021.