A perspectiva de queda nos preços do biodiesel no Brasil é impulsionada por uma safra recorde de soja e a diminuição nas cotações internacionais do óleo de soja, de acordo com a ANP. Além disso, a manutenção da mistura de 14% de biodiesel no diesel, ao contrário do incremento planejado para 15%, tem contribuído para a atual baixa nos preços do biocombustível. Especialistas indicam que os fatores econômicos, como a queda do preço do petróleo e a valorização do real, favorecem um cenário onde o governo poderia reduzir o preço do diesel e considerar um aumento na mistura de biodiesel.
O mercado de biodiesel no Brasil está observando uma tendência de queda nos preços, com uma redução acumulada de quase 7% até o início de março, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esta redução tem como base uma safra recorde de soja, que é a principal matéria-prima do biocombustível, bem como a queda nas cotações internacionais do óleo de soja.
Apesar das expectativas de aumento da mistura de biodiesel no diesel de 14% para 15% a partir de março, o governo decidiu manter a proporção anterior por considerar os impactos inflacionários. Essa decisão contribuiu para o recuo no preço do biodiesel, que chegou a R$ 5,797 por litro, o menor nível desde outubro de 2024.
Leonardo Rossetti, analista de mercado da StoneX, destaca que a redução na mistura levou a uma menor demanda por óleo de soja, que responde por 82% a 85% da matéria-prima do biodiesel. No entanto, ele prevê um crescimento tímido da demanda por biodiesel devido à expansão do mercado de diesel.
Com a produção de soja atingindo cerca de 170 milhões de toneladas, um aumento de 10% em relação à temporada passada, e a queda nos preços do óleo de soja na bolsa de Chicago, há previsão de redução dos custos do biodiesel. Empresas como Oleoplan, Be8, Potencial, Olfar, JBS e Três Tentos, que dominam cerca de 50% das vendas de biocombustível, devem ser beneficiadas.
Eduardo Oliveira de Melo, sócio-diretor da Raion Consultoria, sugere que a queda no preço do petróleo e a apreciação do real poderiam permitir uma redução no preço do diesel pela Petrobras e a retomada dos planos para uma mistura de 15% de biodiesel. Com o diesel fóssil mais barato que o biodiesel, ele acredita que seria estratégico realizar um corte no diesel A para neutralizar o impacto do eventual aumento da mistura para B15.
Especialistas do setor acreditam que o governo poderia regulamentar a importação de biodiesel para aumentar a competitividade e reduzir os custos do biocombustível para o consumidor final, fortalecendo assim o mercado nacional.