Investing.com – Com a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central possa elevar a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) do patamar atual de 10,5% para 10,75%, retomando um ciclo de alta até o final do ano, analistas seguem enxergando a renda fixa como atrativa, indicando um portfólio misto, com destaque para pós-fixados e títulos atrelados à inflação.
A composição deve ser alterada conforme o perfil do investidor, segundo especialistas da Nord e da XP consultadas pelo Investing.com Brasil. No entanto, ambas consideram ativos ligados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como vantajosos, ainda que com composição mais reduzida se o investidor for conservador e com maior aversão à volatilidade.
Inflação é a queridinha - mas depende do perfil
Maria Luisa Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord, segue gostando dos títulos indexados à inflação, principalmente para posições de longo prazo, com remunerações consideradas como atrativas, em torno de 6,20%, e 6,30%.
“Juros reais acima de 6% é uma posição bastante interessante. É um título que traz a possibilidade de ganhos com marcação ao mercado, eventualmente, numa saída antecipada. Ou, então, ainda, mesmo que levando ao vencimento, é uma taxa de juros real bastante atrativa e com proteção contra a inflação para o longo prazo”.
A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) também considera títulos atrelados à inflação como os mais vantajosos neste momento. “Em geral, eles são os nossos preferidos. Quando a gente pensa em prazos médios, um pouco mais alongados, a gente prefere esses ativos, seja por conta da proteção que eles vão fornecer, se mantidos até o vencimento, seja pelo juro real que a gente tem visto os títulos pagando”, concorda Camilla Dolle, head de renda fixa do Research da XP.
Pré ou pós? Nord e XP preferem pós
Os juros, no caso dos pós-fixados, ficam ainda mais atrativos com a alta na Selic. A composição da carteira depende da visão de risco do investidor, mas no curto prazo, a Nord acredita que os pós-fixados são vantajosos, justamente por conta da Selic em dois dígitos. “Então, a gente prioriza posições de curto prazo, porque a gente consegue aproveitar essa Selic elevada, mas também ter uma carteira que não fique travada”, sugere Nepomuceno, indicando que eventualmente, novas oportunidades também podem surgir e levar a movimentações na carteira. Posições em curto prazo ou com liquidez indicadas seriam títulos do Tesouro Selic, por exemplo.
Para investidores iniciantes e conservadores, os títulos pós-fixados são considerados uma possibilidade atrativa, pois, mesmo que a Selic seja reduzida, a remuneração segue positiva, completa a analista da Nord, diferente de um título Tesouro que seja um pré-fixado, um IPCA +, que são títulos que passam pela marcação mercado.
A especialista da XP também indica, para uma carteira mais conservadora, uma concentração maior em pós-fixados, que vão acompanhar o CDI, considerados ativos mais seguros quando são consideradas as variações de juros. O percentual de composição, na sequência, seria para inflação, e, por fim, os pré-fixados em menor fatia. A proporção muda, sendo maior a composição da inflação em carteiras mais arriscadas. Mas, em todas elas, o título menos recomendado continua sendo pré-fixado.
“Eles têm uma volatilidade maior, a gente enxerga que não tem um prêmio justificando tanto a alocação pré, e quando a gente vê oportunidades em pré-fixados, a gente prefere prazos mais curtos, até dois anos”, completa Dolle.
Atenção para marcação a mercado
O investidor precisa estar ciente de que alguns títulos de renda fixa podem ter marcação a mercado, ou seja, com volatilidade na carteira e possivelmente, rentabilidade negativa, indicando prejuízo se precisarem ser resgatados antes do vencimento.
“É sempre uma relação inversa entre preço e título em relação às expectativas de mercado”, detalha a analista da XP.
Enquanto isso, a especialista da Nord lembra que, “sempre, se carregado até o vencimento, é a remuneração acordada e esse movimento ali no meio não vai ter feito diferença”.