- Em novembro, fundos de investimento no Brasil registraram resgates líquidos de R$ 26,6 bilhões, mas acumulam saldo positivo de R$ 186,2 bilhões em 2024.
- Multimercados e renda fixa enfrentam perdas significativas, enquanto fundos cambiais mostram sinais de recuperação.
- Taxa de juros elevada e incertezas fiscais continuam a influenciar a movimentação dos investidores.
Em novembro, os fundos de investimento no Brasil sofreram resgates líquidos de R$ 26,6 bilhões, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta segunda-feira. No entanto, em 2024, o saldo acumulado permanece positivo em R$ 186,2 bilhões, registrando o melhor resultado dos últimos três anos para este período. Atualmente, o patrimônio líquido da indústria de fundos alcança R$ 9,389 trilhões.
A classe de multimercados foi a mais impactada, com uma redução de R$ 24,3 bilhões no último mês e um saldo negativo de R$ 324,2 bilhões no ano. Por outro lado, a saída líquida da renda fixa foi de R$ 4,7 bilhões em novembro, reduzindo a captação líquida anual para R$ 344 bilhões. No setor de fundos de ações, houve um resgate líquido de R$ 3,8 bilhões, acumulando uma perda de R$ 9,5 bilhões no ano.
Especificamente, na classe de renda fixa, os fundos do tipo Duração Baixa Soberano tiveram a maior captação em novembro, com R$ 18 bilhões, totalizando R$ 44,3 bilhões em 2024. No entanto, os fundos de Duração Livre Grau de Investimento e Duração Baixa Grau de Investimento sofreram perdas de R$ 10,3 bilhões e R$ 8,5 bilhões, respectivamente.
Pedro Rudge, diretor da Anbima, descreveu o resultado dos fundos de renda fixa no mês passado como um “movimento pontual”. Ele prevê que a taxa de juros elevada e as incertezas fiscais continuarão a incentivar os investidores a buscar opções conservadoras, aumentando a atratividade da renda fixa.
Entre os multimercados, os fundos do tipo Livre e Investimento no Exterior lideraram as saídas, com perdas mensais de R$ 11,8 bilhões e R$ 6,8 bilhões, respectivamente. No acumulado anual, essas categorias perderam R$ 79,7 bilhões e R$ 185,6 bilhões.
No âmbito dos fundos de ações, o tipo Ações Livre registrou uma saída líquida de R$ 3,3 bilhões em novembro. Apenas os fundos Ações Investimento no Exterior e Fechados de Ações tiveram captações positivas, de R$ 473,7 milhões e R$ 10,1 milhões, respectivamente.
Um destaque positivo foi para os fundos cambiais, que, apesar de uma captação anual negativa de R$ 52,7 milhões, captaram R$ 421,4 milhões em novembro, o melhor desempenho mensal do ano. Segundo Rudge, a volatilidade econômica torna esses fundos atrativos para proteger contra riscos cambiais, especialmente em um contexto de desvalorização do real e pressão inflacionária.