- O real foi a sétima moeda que mais se desvalorizou em 2024, com queda acumulada de 20% frente ao dólar até 29 de novembro.
- O dólar comercial atingiu R$ 6,001, influenciado por dúvidas sobre o pacote fiscal do governo Lula e sua capacidade de economizar R$ 70 bilhões em dois anos.
- O governo anunciou medidas fiscais, incluindo um teto de reajuste para o salário mínimo e isenção do Imposto de Renda para rendas até R$ 5.000 a partir de 2026.
O real, moeda brasileira, foi a sétima que mais se desvalorizou globalmente em 2024, registrando uma queda de 20% frente ao dólar até 29 de novembro, conforme dados da Austin Rating. Apesar de não figurar entre as cinco mais desvalorizadas, o Brasil está apenas à frente de economias com desafios significativos, como a Etiópia e a Venezuela. A taxa de referência usada no levantamento, a ptax, contrasta com a cotação comercial, que teve uma depreciação ainda maior de 23,7%.
Na sexta-feira, 29 de novembro, o dólar comercial alcançou R$ 6,001, o maior valor de fechamento já registrado. A reação do mercado deve-se ao ceticismo quanto ao pacote fiscal do governo Lula, que prevê economizar R$ 70 bilhões em dois anos—a previsão gerou desconfiança entre agentes financeiros que acreditam que a projeção é inflada. Além disso, a isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5.000, válida a partir de 2026, levanta preocupações sobre a arrecadação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que a perda será compensada por aumento na tributação de rendas acima de R$ 50.000, mas não forneceu detalhes suficientes.
Fernando Haddad também destacou que, apesar do cenário atual, espera uma estabilização no futuro. Ele reconheceu que a alta do dólar trará dificuldades econômicas nas próximas semanas. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destacou que um compromisso fiscal sólido por parte do governo seria essencial para conter a depreciação da moeda, especialmente em um contexto de alta global do dólar após a reeleição de Donald Trump nos EUA.
O pacote fiscal de Haddad inclui um novo teto para o reajuste do salário mínimo, de 2,5% acima do INPC dos 12 meses até novembro do ano anterior. Este é visto como o aspecto mais confiável do pacote, substituindo a metodologia anterior que se baseava na variação do PIB de dois anos anteriores. O principal objetivo do pacote é equilibrar as contas públicas, com a meta de zerar o déficit em 2025 e alcançar superávit nos anos subsequentes, principalmente por meio do aumento da arrecadação.