Juros nos EUA: Fed deve realizar primeiro corte desde a pandemia em 2020

Investing.com – Investidores esperam que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve nos Estados Unidos inicie o ciclo de cortes na taxa de juros americana nesta quarta, 18, ainda que as estimativas para a magnitude dos cortes venham sendo alteradas nos últimos dias.

As fed funds estão na faixa entre 5,25% e 5,5% desde a reunião de julho de 2023 e o último ciclo de flexibilização foi realizado em 2020, em meio à pandemia de covid-19, antes de a inflação atingir seu pico de 40 anos, o que ocorreu em 2022, com a reabertura da economia e início da guerra entre Rússia e Ucrânia, que pressionou preços das commodities.

Nesta terça, 62% dos investidores esperavam um corte de meio ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5%, de acordo com a ferramenta de monitoramento de de juros do Investing.com.

Na semana passada, as expectativas estavam praticamente invertidas, com 66% dos investidores estimando uma diminuição de 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 5% e 5,25%.

No entanto, o entendimento de alguns especialistas é de que o colegiado pode definir por uma diminuição moderada para não causar ruídos no mercado, em meio a cautela sobre uma possível recessão no mercado americano, como aponta Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

“Acho muito difícil o FOMC abrir com 0,50 ponto percentual porque tem mais um argumento nessa história que é o benefício de a taxa de juros estar alta e, como os dados de mercado de trabalho não desandaram, vamos supor que passem a desandar, tem ainda a reunião de novembro. Na reunião de novembro, é possível corrigir rotas”, destaca Igliori, que espera um tom protocolar do presidente do Fed, Jerome Powell, que busque amenizar a cautela a respeito de uma recessão.

O estrategista-chefe do Investing.com, Thomas Monteiro, concorda com essa visão. A expectativa de Monteiro é de uma diminuição de 0,25 ponto percentual para tentar afastar receios do mercado de que o Fed possa estar atrás da curva, agindo tardiamente em meio a uma possível recessão.

“Mas entendo que o Powell já percebeu que se ele realizar esse corte a 0,50 p.p., as expectativas do mercado e o entendimento do mercado sobre as condições econômicas norte-americanas vão se deteriorar muito rapidamente”, considera Monteiro.

A percepção da Avenue é de que o Fed não precisaria correr para fazer um ajuste mais forte, conforme apontado pelo estrategista-chefe William Castro Alves. “No balanço de riscos que existem hoje na economia, não vemos necessidade de o Banco Central americano agir mais rapidamente com cortes de juros mais agressivos. Então, três cortes até o final do ano, começando agora em setembro, depois novembro e dezembro”, projeta.