Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), venceu o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e foi reeleito, neste domingo, para mais quatro anos de mandato à frente da maior cidade do país.
Nunes recebeu 3.393.110 votos (59,35% dos votos válidos) contra 2.323.901 (40,65%) do adversário, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O prefeito reeleito, de 56 anos, teve como principal padrinho político o atual governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro do governo Bolsonaro. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, chegou a titubear em relação ao apoio a Nunes, especialmente na primeira etapa da eleição.
Boulos contava com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tinha como candidata a vice a petista Marta Suplicy.
Em seu discurso após a eleição, Nunes afirmou que o "equilíbrio venceu todos os extremismos". Ele agradeceu enfaticamente o apoio do governador paulista.
"Agradeço ao líder maior sem o qual não teríamos esta vitória, o governador Tarcísio de Freitas", disse. "Seu nome é presente, mas o seu sobrenome é futuro... conte comigo, meu irmão, com meu coração, com o seu pilar para todas as construções do seu destino".
Nunes e Boulos chegaram ao segundo turno após a disputa mais concorrida da história da prefeitura paulistana no primeiro turno. Nunes terminou a primeira etapa com 29,48% dos votos, enquanto Boulos obteve 29,07% e Pablo Marçal (PRTB) ficou em terceiro com 28,14% dos votos.
Na eleição de 2020, Nunes foi eleito vice-prefeito de São Paulo e no ano seguinte assumiu a administração da cidade quando o então prefeito Bruno Covas morreu. Anteriormente, foi vereador da capital por dois mandatos.
ACUSAÇÃO SEM PROVAS
O dia de votação em São Paulo neste domingo ficou marcado por declaração do governador paulista -- sem apresentar qualquer prova -- que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) teriam orientado familiares e apoiadores a votar em Boulos.
A declaração foi feita em entrevista a jornalistas ao lado de Nunes. Ele disse que a interceptação dessas conversas foi feita pela área de inteligência e que a orientação teria partido dos presídios.
Boulos reagiu duramente à declaração do governador e ingressou no início da tarde com uma ação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social contra o governador e Nunes na Justiça Eleitoral paulista pelo que chamou das "irresponsáveis declarações".
Esse tipo de processo -- uma ação de investigação judicial eleitoral -- poderá levar à inelegibilidade dos envolvidos.
O candidato do PSOL também entrou com uma notícia-crime no TSE contra Tarcísio de Freitas.
O secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mario Luiz Sarrubo, afirmou à Reuters que não constatou qualquer indicação de grupo criminoso agindo por de voto em Boulos ou qualquer outro candidato na etapa final da eleição municipal.
"O Sistema de Inteligência do MJ não detectou qualquer orientação de qualquer facção contrária ou a favor de qualquer candidato neste segundo turno", disse.