Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Candidatos de partidos de centro e da direita sagraram-se vencedores na maioria das cidades que tiveram segundo turno das eleições municipais neste domingo, consolidando tendência que já havia sido estabelecida na primeira rodada da votação.
A disputa mostrou força de nomes de direita que não necessariamente são vinculados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de candidatos que firmaram alianças mais amplas, revelando uma preferência do eleitorado por fugir da polarização.
Partido que ao mesmo tempo faz parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da administração estadual de São Paulo do governador Tarcísio de Freitas, o PSD encerrou a eleição municipal como o principal ganhador, com 887 prefeituras.
Em segundo lugar ficou o MDB -- outro partido que está no governo federal, mas que faz oposição a Lula em outros Estados, como São Paulo -- com 853 prefeituras, seguido pelo PP, em terceiro, com 746 prefeituras.
O quarto lugar foi o União Brasil, com 583 prefeituras, e depois o PL do ex-presidente Bolsonaro, com 516 municípios. O PT de Lula ficou com o nono maior número de prefeituras, com 252 vitórias.
Das 26 capitais brasileiras, o PSD e o MDB venceram em cinco cada. União Brasil e PL conquistaram cada um quatro capitais, enquanto PP e Podemos ficaram com duas cada.
O PT venceu somente na capital do Ceará, em uma disputa muito apertada vencida por Evandro Leitão contra o bolsonarista André Fernandes (PL) -- 50,38% a 49,62%.
O resultado também indicou a força da máquina na disputa. Dos 20 prefeitos de capital candidatos à reeleição, somente quatro não venceram.
A disputa mais importante deste domingo terminou com a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que teve como principal padrinho político o governador Tarcísio -- que é apontado como um dos importantes nomes para a sucessão presidencial em 2026.
A eleição na maior cidade do país representou um revés para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter apoiado o candidato do PSOL à prefeitura, o deputado federal Guilherme Boulos.
O presidente, de maneira geral, não chegou a entrar de cabeça nas corridas municipais, mas São Paulo foi a cidade onde mais investiu nessa eleição. Lula participaria de um ato de campanha com Boulos na véspera da votação, mas uma queda no banheiro sofrida no fim de semana passado impediu o presidente de viajar.
Bolsonaro, por sua vez, chegou a ir pessoalmente a Goiânia para acompanhar a votação do correligionário Fred Rodrigues (PL), que perdeu a disputa final para o ex-deputado Sandro Mabel (União).
O ex-presidente também foi derrotado em Belo Horizonte, onde o prefeito Fuad Noman (PSD) foi reeleito ao cargo derrotando o bolsonarista Bruno Engler (PL). Noman obteve 53,73% dos votos válidos contra 46,27% de Engler.
Ainda que esteja inelegível até 2030, Bolsonaro trabalhou na corrida municipal para tentar ampliar sua influência política.
Em outra capital importante do país, Sebastião Melo (MDB) se reelegeu prefeito vencendo a deputada federal Maria do Rosário (PT). Melo, que foi alvo de críticas pela gestão das enchentes enfrentadas pela cidade no primeiro semestre, teve 61,53% dos votos válidos, ante 38,47% de Rosário.