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Desempenho negativo do real neste ano não faz sentido, acredita Robin Brooks

Investing.com – O real estaria entre as principais moedas com pior desempenho no cenário global neste ano. No entanto, na opinião de Robin Brooks, não deveria figurar neste pódio, destacou o ex-economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF) e ex-estrategista-chefe do Goldman Sachs (NYSE:GS), apelidado nas redes sociais de “Careca do Goldman”. Nesta terça-feira, às 13h29 (de Brasília) o dólar à vista estava em alta de 0,13% frente ao real, cotado a R$5,5854.

Brooks costuma tratar da moeda brasileira na rede social X (ex-Twitter), já projetou uma taxa de câmbio justa de R$4,50, além de elogiar os superávits comerciais tendo as commodities como impulsionadoras, apontando o Brasil como “Suíça dos trópicos”.

O especialista tratou do tema usando suas redes sociais nesta semana. “As três moedas de mercados emergentes com pior desempenho neste ano são Turquia, Argentina e Brasil”, comparou o economista.

“Não há absolutamente nada que possa justificar que o Brasil esteja neste grupo. O Brasil é um grande exportador de commodities com grande vento favorável dos preços elevados das commodities. Uma ferida autoinfligida”, avaliou.

Recentemente, Brooks também recomendou a manutenção da independência do Banco Central e a busca pelo equilíbrio fiscal. “Não faça isto, Brasil”, alertou Brooks, após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - que ajudaram o dólar a chegar a R$5,70 recentemente.

Último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda mostra que economistas consultados pela autoridade monetária esperam que o dólar termine o ano cotado a R$5,30, enquanto as estimativas de 2025 e 2026 estão em R$5,23.

Cenário externo, risco fiscal e mais incertezas que pesam sobre o real

O dólar chegou ao patamar de R$5,70 em relação ao real há algumas semanas, em um período de acirramento das falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem se referiu, diversas vezes, como “este cidadão”.

Lula discorda da atuação do Banco Central, de Campos Neto, e afirma que, em gestões passadas, quando não havia autonomia, a independência era a regra, em sua visão. Como as pressões na moeda americana podem afetar outros indicadores, incluindo a inflação, Lula amenizou o tom após conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

De acordo com Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, a alta do dólar frente ao real teria ocorrido diante de uma crise de confiança do mercado financeiro, mas não uma crise real da economia, em meio a dados econômicos que considera como positivos.

Ainda no cenário doméstico, a situação fiscal segue como um ponto de cautela de investidores. Ontem, o banco JP Morgan afirmou que não espera o cumprimento da meta do arcabouço fiscal de zerar o déficit primário neste ano. “O crescimento elevado das despesas públicas até agora no ano desafia o quadro fiscal e aumenta o risco de um fim antecipado da credibilidade desta ferramenta que reduziu os riscos fiscais no ano passado”, apontou o banco em relatório.

Sinais mais sólidos de contenção de gastos seriam importantes para que o mercado possa ter estresse reduzido, na opinião do banco.

As incertezas em relação a um eventual corte de juros nos Estados Unidos também estão no radar. Em um cenário global conturbado, com conflitos geopolíticos, os juros elevados nos EUA atraem investidores para uma economia mais segura, em detrimento de emergentes, que seguem pressionados.

Revisado porTony
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