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Crescimento dos lucros corporativos não garante alta sustentável do mercado

Investing.com - Em um relatório emitido na última terça-feira, 3, a BCA Research afirmou que o crescimento dos lucros corporativos no segundo trimestre nos EUA é "insuficiente" para manter o rali do mercado acionário e evitar uma recessão ainda este ano no país.

Apesar do avanço dos resultados e das vendas em diversos setores, a casa de análise alerta que a maior parte dos ganhos recentes do mercado é motivada mais pela expansão dos múltiplos preço/lucro (P/L) do que pelo desempenho efetivo dos lucros. Essa dependência dos múltiplos de “valuation”, aliada às incertezas econômicas que se avizinham, indica que o rali pode não ter sustentabilidade no longo prazo.

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No segundo trimestre, o S&P 500 apresentou um crescimento de lucros ano a ano de 12,7%, superior ao crescimento de 8,2% registrado no primeiro trimestre. O crescimento das vendas também acelerou, atingindo 5,4%, um aumento em relação aos 3,9% anteriores. Contudo, a BCA ressalta que, apesar desses resultados sólidos, a dependência do mercado na expansão dos múltiplos P/L em vez do crescimento real dos lucros representa um risco.

Desde outubro de 2023, os lucros no S&P 500 cresceram apenas 6,3%, enquanto os múltiplos P/L futuros aumentaram 19,8%. Isso indica que o sentimento dos investidores, e não os fundamentos das empresas, tem sido o motor da recente alta.

Um dos desafios destacados no relatório é a potencial desaceleração no crescimento dos resultados do grupo "Quatro Magníficas", que inclui as gigantes tecnológicas Nvidia (NASDAQ:NVDA), Microsoft (NASDAQ:MSFT), Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e Amazon (NASDAQ:AMZN).

Essas companhias foram as grandes impulsionadoras dos ganhos do mercado, com um aumento coletivo dos lucros de 130% no primeiro trimestre de 2024. No entanto, a BCA adverte que esse crescimento pode desacelerar, com projeções de redução para 28% até o final do ano.

Em contraste, espera-se que o crescimento dos lucros das outras 496 empresas no S&P 500 recupere-se de uma queda de 1,2% no primeiro trimestre para 16% até o fim do ano. Embora este alargamento dos lucros seja positivo, pode não ser suficiente para sustentar a alta contínua do mercado se o crescimento das "Quatro Magníficas" diminuir.

Também está ocorrendo uma rotação setorial, com os setores de saúde e financeiro exibindo um crescimento acelerado dos lucros, enquanto os setores de tecnologia, consumo discricionário e comunicações mostram desaceleração.

"Como resultado, as taxas de crescimento dos lucros entre os setores estão se estabilizando, e há menos leituras extremas. No entanto, esse processo ainda está em curso e pode ser facilmente interrompido", aponta a BCA.

Outra preocupação mencionada pela BCA é a monetização tardia da inteligência artificial gerativa (GenAI). Apesar dos grandes investimentos em GenAI por parte de importantes empresas de tecnologia, os retornos tangíveis têm demorado a aparecer. A BCA prevê que levará mais tempo do que os investidores preveem para que os investimentos em GenAI comecem a gerar lucros robustos, aumentando a incerteza sobre o crescimento futuro dos lucros dessas empresas.

De modo geral, a empresa de “research” recomenda que os investidores adotem uma posição defensiva, já que "o robusto crescimento dos lucros é insuficiente para descartar uma recessão ainda neste ano."

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